Fórum indígena destaca efeitos do esporte no combate às drogas nas escolas

Maíra Heinen - Repórter do Radiojornalismo/EBC Edição: Stênio Ribeiro

No 1º Fórum de Políticas Públicas para Esporte e Lazer dos Povos Indígenas, que ocorre em Cuiabá desde a última terça-feira (7) e prossegue até hoje (11), os indígenas têm mesclado vários assuntos com os benefícios das práticas esportivas. Chamam a atenção, porém, nas conversas e depoimentos, histórias de tráfico e uso de drogas ilícitas e alcoolismo nas comunidades. Este foi, por sinal, o tema mais abordado pela lideranças indígenas nas discussões de ontem (10).

O problema é considerado de saúde pública e atinge principalmente a população mais jovem, diz Eládio Kokama, da região do Alto Solimões, no Amazonas. Ele disse que, ao voltar para sua aldeia, na semana que vem, pretende apresentar novas ideias e projetos para que os jovens indígenas tenham novas opções na vida. “Nosso jovem hoje termina o terceiro ano e não tem mais o que fazer. E aí vai praticar coisa errada, se envolver com bebida alcoólica, com drogas. Por isso, para mim, esse fórum é muito importante, porque a gente leva alguma coisa que vai ser desenvolvida na nossa região.”

Karkaju Pataxó, que faz parte da organização dos Jogos Indígenas Pataxó, no sul da Bahia, reforça que nas aldeias de seu povo o uso e o tráfico de drogas têm aumentado visivelmente. Ele acredita que o resgate dos jogos tradicionais pode ser uma ferramenta para mudar este cenário. “Uma coisa que temos discutido muito é não perder essa cosmologia que temos e fazer com que as atividades [esportivas] facilitem o processo de tirar o jovem dessa circunstância de risco.”

A interrelação entre saúde, educação, esporte e lazer foi o tema debatido nesta sexta-feira no Fórum Nacional. Para o representante da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Roberto Guerreiro, o uso de drogas não é desvio de comportamento, e sim uma grave situação de saúde pública, que pode ser contornada também com ações esportivas e de lazer. “A consequência do álcool, da droga, é a perda da identidade. Trabalhar com esporte ou alguma atividade física que resgate a cultura e o respeito dentro da comunidade, com certeza contribui fundamentalmente para a saúde dessa população.”

De acordo com algumas lideranças, até pouco tempo, o assunto “drogas” não era muito exposto entre os indígenas, mas atualmente eles fazem questão de dizer que o problema existe e que buscam soluções para mudar a realidade.

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