Blocos afro e afoxés no Rio querem edital específico para o carnaval

Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil Edição: Valéria Aguiar

Os blocos afros e afoxés no Rio de Janeiro poderão contar com edital específico para o carnaval do ano que vem. A informação é da secretária Estadual de Cultura, Eva Doris Rosental, que se reuniu com os grupos esta semana, junto com o governador Luiz Fernando Pezão. A Liga Afro do Rio, com 32 filiados, reclama da falta de recursos e cobra também um circuito específico.

“A Secretaria de Cultura se compromete, no próximo edital de carnaval, a fazer um subedital, só para esses blocos”, disse Eva. Ela informou que, para ajudar os grupos, eis meses antes do lançamento do editarl, colocará técnicos à disposição dos blocos para ajudá-los com a documentação. “Ou seja, para que consigam se inscrever no edital em condições de igualdade.”

Em 2015, somente três blocos afros e afoxés conseguiram ser aprovados no edital da secretaria que distribuiu R$ 1 milhão para cerca de 200 organizações.

Com recursos próprios ou dinheiro do governo, o presidente da Federação dos Blocos Afros e Afoxés do Rio de Janeiro (Febarj), organização que antecede a Liga Afro do Rio, Paulo César Xavier, dsse que somente 12 dos 32 grupos conseguirão sair em cortejo este ano. Ele concorda que a burocracia dos editais e a competição com os blocos maiores dificulta o acesso ao dinheiro.

“Recebemos um valor ínfimo. Cada bloco não recebe nem R$ 1 mil para desfilar. Daí, nos mobilizamos, vendemos cerveja aqui e ali, sabendo das dificuldades”, completou ele, que coordena o carnaval do bloco afro Òrúnmilá, apadrinhado pelo bloco afro Ilê Aiyê, de Salvador. “Há 20 anos a gente vem lutando para poder desfilar”, frisou César Xavier.

Celso Athayde, um dos fundadores da liga, criada este ano, em parceria com a Febarj e a Central Única de Favelas, acrescenta que, além dos recursos do carnaval, é preciso fazer um resgate e valorização dos grupos, como patrimônio cultural. A secretária de Cultura disse que conversará sobre o assunto com representantes do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural.

A Liga Afro, que será lançada oficialmente no 23 deste mês, trata do carnaval e a Febarj, da integração dos blocos, que desenvolvem oficinas de percussão para crianças, de instrumentos musicais e cultura negra. “Estamos pensando no desenvolvimento dos blocos durante todo o ano, e esse apoio também é um dos pleitos ”, concluiu Athayde.

- Assuntos: Febarj, Liga Afro do Rio, Blocos afro e afoxés, Carnaval Rio