Assessor da Sabesp atribui crise hídrica a “fenômeno climático imprevisível"

Fernanda Cruz - Repórter da Agência Brasil Edição: Marcos Chagas

O assessor de Operações da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), Antônio César da Costa e Silva, disse, hoje (2), que a crise hídrica de São Paulo está ligada a um “fenômeno climático absolutamente imprevisível”, que afetou também outras localidades no mundo como a Califórnia, nos Estados Unidos.


Ao participar do seminário Crise da escassez hídrica no Brasil e seu gerenciamento no estado de São Paulo, Antônio César destacou dezenas de intervenções feitas pela Sabesp para amenizar a situação na região metropolitana, como a transferências entre sistemas, a retirada de mais água da Represa Billings e o aumento da vazão do manancial de Guaratuba para o Sistema Alto Tietê até o fim do ano.

O presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental em São Paulo (Abes), Alceu Bittencourt, disse que a sociedade tem de combater o conflito de uso entre indústria, agricultura e lazer, por exemplo, em detrimento do consumo humano. Para ele, na atual situação de crise hídrica, é necessário repensar a distribuição da água.

Bittencourt mostrou-se favorável à diminuição da vazão de água procedente do Sistema Cantareira imposta à região de Campinas, no interior paulista. “Essa proposta foi estudada, ela distribui esforços, é uma proposta correta. É a forma de manter mais segurança para todos. Tem que restringir um pouco de cada um, dando prioridade para o abastecimento humano”, disse.


O diretor da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), responsável pelo fornecimento a Campinas, Marco Antônio dos Santos, explicou que o grande problema enfrentado pelas cidades da Bacia Piracicaba, Capivari e Jundiaí é que não há reservatórios de armazenamento de água. Por esse motivo, disse Santos, a cidade não adotou o racionamento.

Segundo o diretor da Sanasa, a água usada no abastecimento da região é captada diretamente do Rio Atibaia, que, por sua vez, recebe água do Sistema Cantareira. A região metropolitana recebia a vazão de 31 metros por segundo de água do Cantareira, que diminuiu, em razão da crise, para 15,69 metros por segundo. Já a região do PCJ ficava com 5 metros por segundo, volume reduzido para 3 metros cúbicos por segundo.

Marco Antônio disse que a Sanasa não ofereceu o desconto aos usuários que diminuissem o consumo, como fez a Sabesp na Grande São Paulo, por questões financeiras. “Estaríamos sem tratar água, porque o custo é alto. Mesmo assim, a população economizou 20%.”

Uma das ações diferenciadas adotadas para o tratamento da água durante o período de escassez foi o aumento do uso de cloro, destacou Marco Antônio. Enquanto cidades como Jundaí adicionam 0,2 parte por milhão (ppm) de cloro, Campinas usa 200 ppm de cloro, por causa da qualidade ruim da água que chega à região.

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